terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Rosa e espinho


Quando estiver perdida no bosque
Correndo de medo do monstro,
That is trying to let you lost,
Deixe-me ir ao seu encontro.

Eu quero ser uma constelação.
Um aviso no céu a lhe guiar,
Like the flower seeks the sun,
Pra que a vida lhe venha brotar.

E ainda que eu não seja o sol Astro Rei,
Perdoa-me o céu o atrevimento.
Some things you shall not ever say:
Me agradaria ser seu firmamento.

Que seja, então, eu voando ao redor.
Giro de lua, roubo-lhe a luz!
We're sun and the moon, rose and its thorn!
A cumplicidade do amor se deduz.



(Fernando Vieira - 14/12/2010 - Para Fabiana Bueno)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O Dono Do Brasil


Era uma esperança cega;
De tão cega, tornava-se vil.
De enfim ver a arte da tela
Não apelando pra um belo quadril.

E quem sabe sentir o cinema
Menos cinza e mais cheio de anil
Em São Paulo, ou mesmo Ipanema
Queremos uma produção varonil.

Mas me elegem à corrida do Oscar
"Lula o filho do Brasil"
Eis o que penso sobre toda essa bosta:
Vão pra puta que lhes pariu!


(Fernando Vieira - Sobre... Deixa pra lá, né? 24/09/2010)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ele é culpado sim!


A gente nasce e tem que ser safado
As coisas são sempre assim
É como se todos os nossos pecados
Nunca tivessem fim
Todo castigo, punição e labor
Não nos farão limpim.


O cabra é muito bacana, é maneiro
Não sabe o que é botequim
Pra seu azar o que lhe falta é dinheiro
Não lhe cai bem o Brim
Pra mulherada ele seria perfeito
Mas cadê o din-din?

Eu bem podia me tornar poeta
Quem sabe tocar clarim?
E que eu fizesse a mais bela seresta
Não valeria a mim
Pois todo homem traz a sina na testa:
Ele é culpado sim!

Se eu resolvo ser bom cavalheiro
Com uma postura mais clean
Elas aprovam esse ser lisonjeiro
Mas não pr'aquele fim
E se eu resolvo me tornar um boçal,
Preferem o Rintintim!

A gente vive num tempo, que olha!
Cadê meu Pirlimpimpim?
Somos cotados menos que um saca-rolha
Quando só tomam Gim.
Vivem dizendo que eu nasci na era errada
Também acho que sim!



(Fernando Vieira- Paródia da canção "Até o Fim" de Chico Buarque 17/08/10)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Revolvendo

Remexendo
Envolvendo
Devolvendo
Ta doendo

Xenremedo
Volenvedo
Voldenvedo
Dotanedo

Remevendo
Envolxendo
Vendoendo
Devoltado

Ta doendo
Evolvendo
Remexendo
Devolvendo

Ai, para! Ai para!
Ai, ai, ai, ai, ai...
Aí, ó! Aí ó!
Ai, ai, ai: Ta doendo.

(Fernando Vieira 11/08/2010).

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O pescador


Seu coração era um rio,
A curva de um rio.
Onde tudo parava
Enquanto lavava.

E o acúmulo das coisas
Afetos, rancores, coisas;
O tornava indefeso,
Refém de seus desejos.

Esperava por uma draga.
Sim, apenas uma draga.
Que pudesse vasculhar com efeito
As vidas atoladas em seu leito.

E a draga veio e limpou.
Vários dias limpou.
O rio era novo agora
Para amar vida afora.

E com o tempo novamente juntou
Afetos, dragas; tudo juntou.
Inda que limpa e outrora turva,
Seu coração tinha ainda a tal curva.


(Fernando Vieira 25/06/2010).

sexta-feira, 18 de junho de 2010

E a vida continua

Eu espero o dia
Que propulsando no espaço
Façamos chegar a luz
Criando o mormaço.

E com árvores Hightecs
Raízes de titanium,
A fotossíntese mecânica
O oxigênio pra Marte.

Aprendizados fodidos
No constante ferrar e ser ferrado:
Marte será a Utopia, nós seremos deuses.
Deuses falhos, em quem células sintéticas botarão sua fé.

Até que um asteróide qualquer
Quebre nossos espelhos de propulsão
E marcianos morram congelados,
Dando-se conta do quão pequenos eram seus deuses.

E Deus, rindo de tudo isso,
Enquanto esquenta o Sol no seu limite
O fará explodir, matando muitos de nós, também de frio
Pondo-nos em nossos devidos lugares.

E finalmente, postos em nossa infinita mediocridade
Rezemos, oremos, ofereçamos sacrifícios e trabalhos
Na esperança de um milagre misericordioso
Que nos faça aquecer, reviver...

E o Deus misericordioso,
Num truque físico escondido na manga
Faça a compressão fundir o hidrogênio:
Haja hélio!

E Júpiter, o planeta estrela
Bem menor que o Sol
Mas bem mais perto de nós
Será o nosso segundo astro Rei.

Vamos lá!
A vida Continua.

(Fernando Assunção - Sobre as possíveis formas de continuar. 18/06/2010)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

As desinências da vida

E se tudo que nos resta for amar?
E se tudo for o mar?
E se o ar?
E "r"?

Pra sempre sem fim.
Ahh! O infinitivo:
A sugestão por fazer
Suspensa na mente.

Amar?
Comer?
Negar?
Fazer?

A dúvida é o infinito
Constante martelar.
Os desejos, a cruz e a espada!
E não saber é eterno.

(Fernando Assunção 07/06/2010)

segunda-feira, 1 de março de 2010

O Sorriso de Fabiana




Catástrofe anunciada:
Os astros aqui descerão,
A galáxia roubada,
Perdida na escuridão.

Não haverá quem te defenda.
Sim, eles vêm em teu encalço.
Embora eu não queira que se renda,
Ninguém pode jurar em falso!

Ta na cara que a culpa é tua:
Se hoje o universo é treva,
E não há mais a luz da Lua.
Roubaste, sim. Te entrega!

Ou, como explica esse sorriso,
Tão puro e iluminado,
Que deixa o Homem perdido
Embarcar no trem errado?

Confessa-te á Santa Sé
E põe fim ao teu julgamento
Antes que te proclamem ré
Pois é breu o firmamento.

Promete que todo santo dia
Darás esmolas do teu sorriso.
Dá tua luz às estrelas frias
E a quem te escreve sem muito brilho!



(Fernando Vieira - Para Fabiana- Verão de 2010)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Leco-leco


O Leco que é reto,
Pediu-me este treco,
Estand'ambos num lero,
Abaixo de um teto.

"Leco de perto
Leco no beco
Um teco de Leco
É mais que dois terços.

Na cena não perco
Um lance do Leco.
Se o palco está seco
É porque não está perto.

O Leco é o eco
De todos Lelecos
Que inspiram os Nelsons
Que escrevem tão certo!"

Liberto não peco,
E a favores não meço:
Com versos no metro
Presenteio-te Leco!


(Poema "pago" ao Leco - Vocês são minhas testemunhas).

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Dia chuvoso, lembrança ensopada.

Cai a chuva durante o dia
Ensopa a cidade, entupida
As águas cobriram a via
A via por baixo trepida.

Chove tua imagem na calha
A calha que eu tinha entupido
Julgando não ver tua cara
Se um dia tivesse chovido.

A água que molhava a terra
Descia pela galeria
Subindo em silêncio, não berra
Em breve o chão ruiria.

Cai o teu nome no peito
Ensopa minha solidão
As águas subiram do leito
Das veias do meu coração.


(Fernando Vieira - Sobre a reaparição de Patrícia - 01/02/2010).