segunda-feira, 5 de julho de 2010

O pescador


Seu coração era um rio,
A curva de um rio.
Onde tudo parava
Enquanto lavava.

E o acúmulo das coisas
Afetos, rancores, coisas;
O tornava indefeso,
Refém de seus desejos.

Esperava por uma draga.
Sim, apenas uma draga.
Que pudesse vasculhar com efeito
As vidas atoladas em seu leito.

E a draga veio e limpou.
Vários dias limpou.
O rio era novo agora
Para amar vida afora.

E com o tempo novamente juntou
Afetos, dragas; tudo juntou.
Inda que limpa e outrora turva,
Seu coração tinha ainda a tal curva.


(Fernando Vieira 25/06/2010).