quinta-feira, 30 de julho de 2009

Labirinto


O Espelho
O Vulto


Entrar no labirinto
Caçando o minotauro
Ver-se na imagem do monstro

Fuga
Ângulos estatelados


Procurar um fio que lhe dê lógica
Uma saída, uma esperança.
Onde está Ariadne?


Matar o monstro
Morrer aos poucos

Corredores que saem pelo Átrio
E desembocam nos Ventrículos
Os seus próprios


Perdido em si
Sem saída.


(Fernando Vieira – Sobre o outono da vida, partir e nascer).

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Crises

Um break nas poesias. Às vezes é preciso um pouco de dissertação. Tenho pensado muito, nos últimos dias, sobre o verdadeiro papel do Homem na terra. Digo, do Homem, enquanto gênero. Afinal, tenho ouvido desde minha meninice que não somos lá pessoas de caráter; na minha adolescência ouvi que as Mulheres são melhores que nós em tudo e agora, nessa minha mocidade adulta (mocidade adulta! Um bom modo de não admitir que estou ficando velho!) vi que não é preciso um esperma para se ter um embrião. E, como se não bastasse tudo isso, ainda tenho que aceitar o fato de que tais problemas e desafios chegam a ser desinteressantes até mesmo para os próprios homens, que não enxergam a crise masculina na qual estamos inseridos. Mas o que poderia se esperar de seres que, atualmente, nem sequer acreditam que "Ser Homem" seja lá alguma coisa digna? Às vezes fico na esperança de que os cientistas resolvam investigar o código genético masculino, a fim de provarem que de um esperma pode-se criar um óvulo também e, diferentemente das Mulheres, que só possuem os gametas X's, o óvulo proveniente dos Homens teriam as duas cargas (X e Y) já que, de fato, possuímos as duas versões. Então, nesse dia, eu poderia acreditar que nós, os homens, estamos aqui com uma função sublime: A de dar ou fazer a vida. Mas para que eu creia nisso, dependo da boa vontade e do interesse que, talvez, um dia os cientistas possam ter no Homem, porque atualmente o Homem se tornou tão desinteressante, que ninguém mais quer conhecê-lo, nem ele próprio. Talvez sejamos isso, o que realmente sempre fomos: Apenas coadijuvantes num palco onde a personagem principal é a Mulher. Se não é verdade, é assim que fomos educados a vida toda por nossas mães. Mãe! Está aí a única verdade absolutamente comprovada. Ninguém duvida de que elas existam. Podem duvidar da paternidade, mas jamais da maternidade, pois é algo notório para todos. Já a paternidade depende, exclusivamente, da nomeação feita pela mãe. Nem Deus escapou disso. Ninguém duvida de que Jesus Cristo foi filho de Maria. Mas quantos duvidam de que ele seja filho de Deus, ou mesmo de José? Ao menos vejo que, nisso tudo, a vida do homem muito se assemelha com a existência de Deus: De nós sai a vida, mas sempre quem fica com as glórias são elas. Se formos heróis, nosso caminho é a morte, e elas sobrevivem, para gozar dos ganhos e das glórias. Brincadeira mais sem graça essa que Deus fez com a gente.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sobre suas dúvidas ou O último poema.


Eu não via mesmo a hora
De sair do carro e ir embora
Pra ficar longe da visão doída
De ver você nos privar a vida

E, agora, qualquer coisa que eu cometa
Jamais será tão fria e dura
Quanto ter-me guardado em proveta
Paixão que não quer seja sua

Claro que te perdôo, embora não seja
A tua verdade o que me ofenda
A condição masculina, quero que veja:
É sempre existir, sem ter quem a entenda

Você me veio do céu
Um anjo lindo que apareceu
Querer você, me fez réu
Pois havia um que me precedeu

Não estou puto por não responder
Devo aprender minha lição:
Tendo ou não o que dizer
O homem não recebe atenção

As noites não serão boas
Mesmo com Deus, você me faz falta
"Se cuida!" Sua mensagem ecoa
Cuida de mim, a noite vai alta.

Agora me resta apenas seu nome
Claro como a luz, como o Luar
Tal qual o anseio do que tem fome
Desejo você, e nem posso gritar.

(Fernando Vieira - 02/07/2009 - Sobre as duras escolhas que temos de fazer).