sexta-feira, 20 de março de 2009

INSÔNIA


Quatro noites sem dormir
Talvez por ter calado minhas queixas
Ou por não ter liberto tua alma
Fui tomado por teu veneno

Estão todas engasgadas em mim
Travadas, não as deixo fugir
Porque não quero sentir tudo isso de novo
Solta-las será minha escravidão.

Cada cheiro teu que senti, cada exalar de teu corpo
Era um pedaço de tua alma que se abrigava em mim
Agora quero estar no teu corpo, entrar por teus poros
Tua alma a ti quer voltar e, eu, em ti quero morar

Que serpente usaria de tal artifício?
Olhavas-me com teus olhos d’alma
Sem haver qualquer interesse, a não ser, talvez
Um sutil desejo de futuro subjuntivo

Não fazias menção do meu presente
Mas, agora, temerário é meu futuro
Despertastes em mim a fremência
Continuo só, enquanto você desfruta seu adjunto.

Ah! Por que estás tão longe de mim?
Não bastava o tempo, e agora o espaço é contra mim também?
Não sentir o teu calor, não poder passar-te o meu vapor
Como poderei te impregnar da minha alma?

Não espero bons cantos, nem bons ares para voar
Se fosse um áugure, certamente, não seria bom meu agouro
Só posso esperar pelo que a vida sempre me deu
Só tenho meu desabafo, outra vez me torno escravo

Queria poder dormir, e somente esquecer esses dias
Esquecer que amei, que sempre amei sozinho
Toda minha vida foi uma paixão solitária
Um exagero de emoções, tanto barulho por nada.
(27/11/07 11:28 da manhã, para Manu)

2 comentários:

  1. Será que amar não é por si só um ato solitário?
    Um exagero, uma exacerbação de uma alma sedenta de companhia...
    Uma utopia que criamos, alimentamos... mas que não aprendemos a podar, matar.

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  2. Fernando... faz sentido...
    e, Fernando... faz sentido mais uma vez...

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