sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Partir


A vida é a seqüela do parto
O parto é uma doença
Que acomete o ser humano
Cedo ou tarde o mata

Quando o parto é fulminante
Mata a mãe na hora da luz
E é passado pra criança.
Mas há também o benigno:

É quando a mãe sobrevive do parto
E continua a morrer só do seu próprio
E o menino segue com um só pra si
E se for menina, ainda há um risco:

Ela pode contrair outro parto
E nesse caso é que pode ser fulminante
E se for, ela morre do segundo e não do que tinha.
E se morrer, o primeiro parto parte com ela,
Mas o segundo parte com a criança.

Se for fulminante mesmo, dos bons,
Leva tudo: Mãe e criança e sobra na cabeça do pai!
E aí esse é o pior, pois o parto se hospeda na cabeça dele
E ele morre de depressão, loucura, ou solidão.

Às vezes a mãe escapa do fulminante
Mas aí o imberbe não, e vai embora pra sempre.
E o parto se divide em dois: na cabeça da mãe e do pai
E fica todo dia neles, com contrações que não desembocam.

E assim vamos todos vivendo
E assim vamos todos morrendo
Dessa doença que chamaram de vida
Mas que eu prefiro chamar de Parto.

É o nome mais apropriado:
Eu parto, ela parte,
Se não agora, em outra hora,
Mas que estamos partindo...

Ah, isso estamos todos!

(Fernando Vieira, sexta-feira 13 de 2009)

3 comentários:

  1. Muito bom o texto, a brincadeira de partir com o parto!

    gostei ^^

    ps: Eu sei que aparente ser bem maluco, ainda mais que todo vez que nos encontramos eu estou elétrico, mas é por que de fato assim eu sou! =p... claro que as vezes eu respiro ai acho que as coisa ficam mais "amenas"!

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  2. Partimos não só do fato do Prto, como do partilhar... etc etc e etcs.

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  3. O texto é lindoooooo.... Feia é a foto.....kkkk
    Amei migo! bjo

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